Passei anos na faculdade ouvindo de todos os professores a mesma norma: "nunca usem o verbo ser/estar em títulos". Sempre sob o velho pretexto de que é recomendado pela Folha.
Outras proibições, como ponto-e-vírgula e dois-pontos, eram sempre repetidas, mas jamais questionadas.
Fui tirar as caras com o Manual: não há menção sobre uso de verbo ser/estar em títulos. Existe, sim, a interdição para os outros casos acima mencionados, "exceto em casos autorizados pela Secretaria de Redação" (p. 100)
De uns tempos para cá, li com mais atenção o noticiário da Folha e do Globo na internet. Cabe ressaltar que esse último, além de possuir um manual de redação distinto, tem um estilo jornalístico diferente do primeiro.
Pessoal, não é nada difícil encontrar verbos ser/estar ou pontos-e-vírgulas em títulos. Enquanto escrevo esse post, esbarro por alguns:
Advogado acusado de estelionato é preso em SC (G1)
Boris Ieltsin, 1º presidente pós-URSS, é enterrado em Moscou (Folha)
Tricampeão inglês, Leeds está virtualmente rebaixado para 3ª divisão (Folha)
Entregas do IR estão abaixo do esperado (G1)
Mega-Sena tem ganhador do RS; confira os resultados das loterias (Folha)
E olha que estão na capa dos sites, hein?
Acredito que, como alunos, falhamos ao aceitar quietos as normas impostas por um único manual.
Esquecemo-nos que as regras da Folha tratam de apenas uma maneira de escrever, dentre dezenas existentes. A faculdade deve fomentar o exercício de vários estilos distintos.
Ao abrirmos mão de questionar, aderimos à "unanimidade burra" colocada por Nelson Rodrigues (antes de se tornar escritor renomado, Rodrigues era jornalista e dos bons!)
Então, ao invés de acatarmos uma proibição, deveríamos questionar: quais são as exceções?
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